Sobre este blog

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Tomie Ohtake: Cor e Corpo

Tomie Ohtake, um dos mais importantes nomes da arte abstrata no Brasil, estará em cartaz na Caixa Cultural Brasília de 10 de janeiro a 4 de março com retrospectiva que reune 48 obras entre gravuras, pinturas e esculturas.
Tomie Ohtake produziu até sua morte, em fevereiro de 2015, aos 101 anos
Depois de passar por Salvador, Curitiba e Recife, a exposição Tomie Ohtake: Cor e Corpo chega a Brasília sob a curadoria de Carolina De Angelis e Paulo Miyada que reuniram parte da rica produção da japonesa que, naturalizada brasileira, produziu por mais de 60 anos até sua morte aos 101 anos em fevereiro de 2015.

Curiosamente, Tomie começou a pintar com quase 40 anos, incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano. E construiu uma carreira consistente, com 28 prêmios, 20 bienais internacionais e mais 120 exposições pelo mundo. Tomie Ohtake (1913-2015) começou seguindo o estilo figurativo em voga na época mas tentando fugir dos rigores da arte acadêmica. Logo começou a explorar a cor e a geometria e encontrou a essência do traço e da cor - no seu traço o retilíneo muda de rumo e se torna orgânico.
Tomie e o artista japonês Keiya Sugano
De acordo com os curadores Carolina De Angelis e Paulo Miyada, os interesses pictóricos de Tomie Ohtake foram constantemente renovados ao longo de sua trajetória profissional. “A artista construiu um vocabulário plástico amplo e complexo. Forma, matéria e cor nunca foram pensadas por ela de modo dissociado, mas alternaram suas ênfases para se potencializar mutuamente”, afirmam.

A cor assume papel fundamental na expressão da forma. Tomie usa as cores, principalmente o vermelho e o amarelo, com intensidade. “Desde meados da década de 1980, a artista imerge na intensidade de uma paleta cromática profunda, cheia de pretos, brancos e vermelhos saturados, intercalados com azuis, verdes e amarelos densos”, lembram os curadores.

Nas 40 gravuras – serigrafias, litografias e gravura em metal – é possível perceber mudanças sucessivas com o passar das décadas de produção das artista, em que as primeiras chamam a atenção pelas texturas até chegar às mais recentes, mai delicadas, sobreposições em superfícies aquosas.

Gravuras: trajetória da essência do traço e cor em movimento
Nas três esculturas, a fluidez e leveza do traço e movimento que dão a impressão de flutuar em consequência da forma como se equilibram no solo que dão a sensação de flutuar.

Esculturas fieis aos pequenos modelos criados pelas mãos da artista
Os curadores reuniram cinco pinturas que enfatizam as analogias corpóreas e orgânicas. "Como conjunto, podem remeter a diferentes estágios de fecundação, multiplicação, nascimento e crescimento".

Printuras de Tomie: como todas as obras, sem titulo - diálogo com a interpretação do observador

Arte pública

A presença de Tomie Ohtake é facilmente identificável em praças, prédios públicos e privados em Brasília, em São Paulo, cidade que adotou, e outras no Brasil, e no Japão.
Curva amarela no Royal Tulip 
Vermelho em movimento no Auditório do Ibirapuera projetado por Oscar Niemeyer (foto de Hélvio Romero/Estadão)
Símbolo do infinito instalada no Mori Building em Tóquio
Em Brasília, uma escultura em aço está localizada na frente do hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, outra no Instituto Rio Branco e um painel cobre parede externa do edifício Number One. A artista tem 27 obras públicas em esculturas de larga escala no Brasil. 
Seu trabalho não se resume apenas a esculturas. Ela trabalhou com gravuras em metal, serigrafia,   

A artista

Tomie nasceu em Kyoto, no Japão, dia 21 de novembro de 1913, onde fez seus estudos. Em 1936 chegou ao Brasil para visitar um de seus cinco irmãos. Impedida de voltar, devido ao início da Guerra do Pacífico, acabou ficando no país. Casou-se, criou seus dois filhos nos anos 50 começou a pintar.
Tomie e o irmão mais novo, Teinosuke Nakakubo, no navio em que chegou do Japão em 1936
A carreira atingiu plena efervescência a partir dos seus 50 anos, quando realizou mostras individuais e conquistou prêmios na maioria dos salões brasileiros. 
  
Sobre o seu trabalho foram publicados dois livros, 20 catálogos e oito filmes/vídeos, entre os quais o realizado pelo cineasta Walter Salles Jr. Em São Paulo, o Instituto Tomie Ohtake é um dos cengtro culturais mais importantes do país.
Tomie Ohtake e os filhos Ruy e Ricardo
Com seu reconhecimento, Tomie tornou-se uma espécie de embaixatriz das artes e da cultura no Brasil. Foi sempre convocada a receber grandes personalidades internacionais, como a Rainha Elizabeth, o Imperador, a Imperatriz e o Príncipe do Japão, o dançarino Kazuo Ohno, a coreógrafa Pina Bausch, a artista Yoko Ono, o escritor José Saramago, o encenador Robert Wilson, entre muitos outros.

Dos 100 aos 101 anos concebeu cerca de 30 pinturas. Até a sua morte em fevereiro de 2015, aos 101 anos, seguiu trabalhando. 

Fotos: Hélvio Romero/Estadão, Instituto Tomie Ohtake e divulgação

Tomie Ohtake: Cor e Corpo
Caixa Cultural Brasília – Galeria Principal - (Setor Bancário Sul, QD 04)
Visitação: 10 de janeiro a 4 de março de 2018 
Horário: de terça a domingo, das 9h às 21h 
\Entrada franca
Informações: 61 3206-9448 / 3206-9449 
Classificação etária: Livre para todos os públicos